A gratidão é para mim um dos sentimentos mais belos. Sempre admiro as histórias em que alguém demonstra esse sentimento porque, frequentemente, as pessoas não se lembram dos benefícios que receberam e esquecem os seus benfeitores. A vida, porém, sempre promove os reencontros, em que alguém, outrora beneficiado, tem por sua vez a oportunidade de retribuir.
Lembrando da gratidão, recordo que uma das passagens que mais emocionam na leitura de Nosso Lar é aquela em que André Luiz fica sabendo que algumas pessoas que ele havia atendido gratuitamente em sua clínica médica intercediam em seu favor, através da oração. Essas preces é que haviam possibilitado o seu resgate das regiões sombrias do Umbral.
Assim chegamos ao nosso ponto: por um dever de gratidão, devemos orar em favor dos nossos entes queridos, já desencarnados. Devemos orar pelos nossos mestres, pelos amigos, por aqueles que conhecemos e, de alguma forma, contribuíram para a nossa formação. Devemos orar por todos, é certo, até pelos nossos inimigos ("Orai pelos que vos perseguem..."; "Amai os vossos inimigos").
Não sabemos como os nossos amigos se encontram no Plano Espiritual. Podem estar bem, trabalhando na seara de Jesus; ou podem estar sofrendo torturas morais nas regiões inferiores. Se sofrem, necessitam de um alívio, mesmo que passageiro. Talvez precisem de um resgate, como André Luiz.
No livro "O Céu e o Inferno", de Allan Kardec, há um caso belíssimo, em que um médium ora em favor de um mendigo, que todos pensavam que havia suicidado, pulando em um poço. O Espírito então aparece e diz, através da psicografia: "Eu não suicidei, mas caí naquele poço, e aquilo foi, para mim, o final de uma vida de expiação. Agora que eu estou redimido, sou eu quem vai ajudar você!
Divaldo Franco conta que orava em favor dos suicidas, cujos nomes ele lia no jornal. Um dia, quando sofria muito, um deles apareceu e disse: "Por um tempo muito longo, eu me via sendo esmagado pelo trem, à frente do qual, em um momento de loucura, eu pulei. Isso acontecia repetidas vezes. Até que, um dia, escutei uma voz ao longe dizendo o meu nome, e aquilo me aliviou. Era você que orava em meu favor."
Para os que sofrem, a prece é como uma pequena luz que se acende na escuridão, é sempre um bálsamo que alivia e uma esperança de socorro.
Qualquer que seja a situação espiritual dos nossos amigos desencarnados, oremos por eles.