segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vítimas do Auto-engano

“Quantos males, quantas enfermidades não deve o homem aos seus excessos, à sua ambição, numa palavra, às suas paixões?”

“Que se deve pensar daquele que suscita a guerra para proveito seu? Grande culpado é esse e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.”

Busquei essas referências em “O Livro dos Espíritos” para refletir um pouco naquela condição moral de certos tiranos, que já idosos, multimilionários, mesmo assim não abrem mão do poder. O que mais eles buscam? Não estarão dominados pela insatisfação própria de quem se aferra aos bens materiais? Nós sabemos que o homem só é infeliz pela importância que liga às coisas deste mundo.

Alguns deles acreditam que são símbolo de revoluções, que lutaram pela liberdade e são amados pelo povo. Será? Acho que se iludem a si mesmos. Nesse caso, vale aquela famosa frase de Madame Roland, quando caminhava para ser guilhotinada pela Revolução Francesa: “Liberdade, liberdade, quantos crimes são cometidos em seu nome!”

Com efeito, o orgulho e o egoísmo são os maiores obstáculos ao progresso moral do homem. Nós demoramos a compreender que além da felicidade que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade maior existe e infinitamente mais duradoura.

Oremos por essas vítimas do auto-engano.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Presença do Sobrenatural

A influência dos Espíritos em nossas vidas é um dos princípios básicos do Espiritismo. Essa influência pode ser sutil, oculta, ou ostensiva, quando os Espíritos atuam na matéria, através dos fenômenos de materialização.

Se um efeito físico ocorre com alguém, isso não quer dizer que aquela pessoa é uma médium de efeitos físicos. O médium pode estar nos arredores, na vizinhança. Assim, uma vez, minha mãe relatou que, estando na cozinha, um copo que estava sobre a pia, ao invés de cair do escorredor, subiu ao mesmo!

Pode ter ocorrido com ela um fenômeno de efeitos físicos. Porém não podemos ter certeza disso sem antes investigar todas as possíveis causas naturais do fenômeno. No caso desse inesperado movimento do copo, reconheço que, dificilmente existirão causas naturais para um movimento contra a lei da gravidade. Se foi, de fato, um fenômeno espírita, isso não quer dizer que ela era uma médium dessa natureza, pois, confome eu disse, o médium poderia estar nas vizinhanças.

Pois bem, certa vez eu viajava de Belo Horizonte para Diamantina e dirigia um veículo muito novo, da empresa na qual trabalhava. Porém, eu corria muito naquele dia. Era muito jovem, sem juízo, e viajava sozinho, o que é sempre tedioso. Resolvi então marcar um minuto no relógio e verificar qual a distância que eu conseguia percorrer naquele minuto! E corria muito! O carro era muito estável e favorecia as altas velocidades. A estrada era deserta. Então fui fazendo isso ao longo da viagem.

Eu marcava o tempo em um relógio automático, desses que, estando no braço, nunca param de funcionar. Todavia, quando eu me aproximava de um trecho especialmente perigoso da rodovia, a região do Morro do Camelinho, cheio de curvas, ocorreu o inesperado: ao olhar para o relógio, o ponteiro de segundos parou, justo no momento em que eu olhava! E o relógio não funcionou mais.

Aviso? Advertência? Efeitos físicos? Creio que sim, mas quem poderá saber...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Questão de Sintonia

A sintonia mental que sustentamos é sempre uma livre escolha nossa.

Certa vez, um amigo meu, o Cláudio, espírita convicto, passava pela região dos hospitais em Belo Horizonte quando viu um pequeno tumulto. Uma senhora se encontrava caída ao chão, em convulsões e muitos curiosos se encontravam em torno. Ao lado, uma criança de seis ou sete anos pedia socorro. Era a filha dela. Prestativo e experiente, ele, sem dúvida, ajudou inicialmente no socorro à irmã em aflição.

Após a crise, o amigo conversou com a criança e percebeu algo curioso. Apesar da pouca idade, ela sabia o nome completo da mãe e o endereço de casa. Isso era um recurso daquela senhora, porque suas crises eram frequentes e, por vezes, somente a menina estava presente para pedir socorro e encaminhá-la posteriormente de volta ao lar.

Desejando auxiliar, o Cláudio anotou o endereço daquela senhora e prometeu fazer uma visita, com objetivos fraternos: realizar um culto no lar e ministrar alguns esclarecimentos, sob a ótica espírita.

Na semana seguinte, lá se foi o Cláudio, e mais um companheiro, à vista fraterna. A senhora morava em um bairro distante, depois de Venda Nova. A casa era muito simples, mas eles foram bem recebidos.

No culto no lar, que se desenrolou em uma mesinha ao ar livre, a irmã relatou que, frequentemente, passava mal. E mostrou as marcas no corpo das inúmeras quedas nos episódios convulsivos. Disse que, às vezes, quando descia de um ônibus, por exemplo, se o motorista freava bruscamente, ela se irritava e sofria então um ataque epilético.

Subitamente, o imprevisto aconteceu: no meio do culto, uma criança de uma casa vizinha subiu ao muro para apanhar algumas goiabas no quintal da nossa irmã. Ela, vendo a cena, irritou-se de tal maneira que começou a xingar o menino.

Isso bastou para precipitar o ataque epilético, que, graças a Deus, foi debelado pela ação do Cláudio, que rapidamente aplicou-lhe passes dispersivos. Mas foi preciso muita prece e muita fé em Deus para evitar a crise, que não era mais do que a aproximação de um irmãozinho desencarnado. Quando a nossa irmã se irritava, sintonizava com o obsessor, que, assumindo o controle dos seus centros motores, a derrubava ao chão e desencadeava a crise convulsiva, pelo desequilíbrio que lhe era próprio!

No episódio narrado, o sentimento inferior que ela se permitiu, ao ver a criança buscar uma simples goiaba no seu terreno, bastou para possibilitar o acesso do obsessor ao seu psiquismo, com consequências terríveis. Da mesma forma, quando ela se irritava com os motoristas de ônibus, ou com outra pessoa qualquer, o obsessor assumia o controle, através da sintonia mental, e ela passava mal.

Simples assim! Porém complexo como só as obsessões podem ser.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Certeza da Imortalidade

Nós, os espíritas, temos inúmeras provas da imortalidade da alma. É que os próprios seres que nós amamos vêm nos mostrar que continuam vivos. E fazem isso de inúmeras maneiras, seja através das mensagens psicografadas, seja através de aparições.

Por vezes fazem isso através da psicofonia, quando temos o privilégio de dialogar com eles, em reuniões mediúnicas.

Aprendi que, quando isso acontece, Deus somente o permite por um motivo de certa gravidade; normalmente é um aviso ou uma advertência.

São muito comuns as aparições de pessoas no momento da desencarnação de alguém. Não raro, a própria pessoa vem avisar algum familiar. Outras vezes, o moribundo vê espíritos familiares acercando-se do seu leito, como se viessem buscá-lo. E, de fato, é isso que acontece. Lemos nas mensagens psicografadas por Chico Xavier, de jovens desencarnados, que, normalmente é um avô, avó ou bisavô, que vêm buscá-los. Como isso é consolador, não?

Ter a certeza da sobrevivência da alma é, sem dúvida, uma responsabilidade maior para nós. Se sabemos que somos imortais, quais as conseqüências morais disso? O que mudamos nas nossas vidas, a partir dessa constatação?

Lembramos da Parábola do “Rico e Lázaro” quando o homem rico, estando em tormentos no plano espiritual, pede a Pai Abraão: “mas se alguém for ter com eles (os seus irmãos) dentre os mortos, hão de se arrepender. Replicou-lhe Abraão: se não ouvem a Moisés e aos profetas tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos." E, de fato, alguns, nem se vissem um desencarnado, acreditariam!

Temos, sem dúvida, certeza da vida espiritual, mas quais as mudanças íntimas que realizamos com base nesta fé?

Emmanuel nos diz que se dizemos que temos fé, mas não vivemos em conformidade com esta fé, então ela não é legítima.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O caso do asilo

As tarefas espíritas são oportunidades maravilhosas de aprendizado, proporcionando sempre experiências enriquecedoras. Com os anos, vamos acumulando "casos", que recordamos com especial carinho, como este que eu vou narrar.

Certa vez acompanhei a Mocidade Espírita do CE Bezerra de Menezes O Apóstolo do Bem em uma visita ao Asilo Afonso Pena, em Belo Horizonte. Esta é uma instituição centenária que abriga dezenas de idosos necessitados, que são amparados também por alguns voluntários.

A visita aos irmãos necessitados, na minha opinião, é uma das mais belas oportunidades de vivência do evangelho. Quando visitamos alguém, saímos dos nossos lares, do nosso comodismo, e vamos ao encontro do outro para doar alguma coisa. Geralmente doamos um pouco daquilo que nos sobra e recebemos do irmão visitado muito daquilo que nos falta. Sem dúvida, quem inicia um programa de visitas logo sente que vai para doar e, no entanto, recebe muito mais.

Naquele dia, a expectativa era grande, porque era a primeira visita da Mocidade, um grupo recém constituído, ensaiando os primeiros passos nas visitas fraternas. O grupo contava não só com jovens, mas com adolescentes. Entre estes últimos, havia a Carolina, talvez a mais jovem dos tarefeiros, com 13 anos, à época.

O grupo se dividiu um pouco e a Carolina rumou para a ala feminina. Então começou aquela experiência de "puxar conversa" com os idosos, nem sempre tão receptivos a quem visita pela primeira vez, o que é perfeitamente normal, afinal se trata de um "estranho" e o momento pode não ser oportuno.

A Carol bem que tentou conversar com uma idosa, que estava muito mal-humorada naquele dia, como, aliás, lhe era habitual. Era o seu jeito! Ela insistia, insistia, mas a senhora respondia apenas com monossílabos, quando respondia. Por fim, a senhora se irritou e começou a dizer coisas pesadas a ela, insultos, etc, causando um constrangimento geral.

A história parecia terminar mal, mas a Carolina saiu-se com esta: "Olha, se eu estou aqui é porque eu te amo!" E disse isto com tanta sinceridade que comoveu a senhora, e elas terminaram abraçadas, como velhas amigas.

Não sei se a memória me traiu em algum detalhe, mas aconteceu mais ou menos assim!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Quedas e Livre-arbítrio

A passagem da mulher adúltera no Evangelho nos ensina qual deve ser a nossa conduta perante os companheiros em queda. Sem dúvida, a frase de Jesus ainda repercute em nossas consciências: “aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra”.

Ouvindo esta resposta, os acusadores foram se retirando um por um, a começar pelos mais velhos, ficando só Jesus e a mulher. Então ele perguntou: “mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou? Nem eu tampouco te condeno; vá e não peques mais”.

Fácil nos é compreender que todos nós estamos sujeitos às quedas morais. Somos ainda Espíritos imperfeitos, que ainda não conquistamos a superioridade moral. A vida corpórea nos é dada para nos livramos dessas imperfeições, mediante as provas por que passamos.

No plano espiritual, mediante o livre-arbítrio, o Espírito escolhe o gênero de provas por que há de passar na próxima reencarnação. Evitando o mal e praticando o bem, ele se melhora e dá um passo adiante na senda do progresso. Se fracassa, permanece o que era, nem pior, nem melhor. Mas, a quem sucumbiu, resta-lhe a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi malfeito.

Portanto, os companheiros em queda (nós mesmos, por vezes) são aqueles que estão fracassando nas suas provas, que estão cedendo às sugestões dos Espíritos impuros e sucumbindo.

Vale recordar que Deus nos criou simples e ignorantes, com idêntica aptidão tanto para o bem quanto para o mal. Como temos o livre-arbítrio, quem segue o caminho do mal faz isso por vontade própria.

Pode-se dizer que o meio onde a pessoa está colocada representa a causa de muitos vícios e crimes. Não é verdade. O meio é uma prova que o Espírito escolheu, quando em liberdade, levado ao desejo de expor-se à tentação para ter o mérito da resistência. Sabemos que, mesmo estando na atmosfera dos vícios, não há arrastamentos irresistíveis no que se refere aos atos da vida moral.

Ninguém há predestinado ao crime e todo crime resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio. Ninguém é fatalmente levado ao mal.

Por tudo isso, perante o companheiro em queda, imaginemos se, em seu lugar, seríamos capazes de resistir às sugestões do mal.

Uma provérbio dos índios Cheyenne dizia: “não julgue seu vizinho sem que tenha andado duas luas com os seus mocassins”.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Companheiros em Queda

Diz a questão 621 de “O Livro dos Espíritos” que a lei de Deus está escrita na nossa consciência. No Plano Espiritual, compreendemos a lei de acordo com o grau de perfeição que tenhamos atingido e, quando reencarnamos, guardamos a intuição dessa lei. Porém, em geral, os nossos maus instintos fazem com que nos esqueçamos dela.

A lei de Deus, ou lei natural, é a única verdadeira para a felicidade do homem. Quando dela se afasta, o homem se torna infeliz.

Busquei essas referências em “O Livro dos Espíritos” para embasar o estudo que estou preparando intitulado “Companheiros em Queda”. O objetivo principal será falar da conduta espírita diante dos irmãos que estagiam nas faixas do erro e da queda. Sem dúvida, iremos falar também de nós mesmos, pois quem se poderá declarar isento de erros? Quem será capaz de “atirar a primeira pedra”? Na nossa condição atual, caminhamos ainda vacilantes, por isso as quedas são freqüentes.

Se aqueles que se encontram em queda estão afastados da lei de Deus, e esta é a única capaz de nos fazer felizes, devemos inicialmente enxergar esses nossos companheiros como seres infelizes. Admitindo essa premissa, por que então agravá-los com as nossas acusações? Por que condená-los, se a própria consciência deles mesmos já os condena?

Recordei-me agora de uma passagem da vida do benfeitor espiritual Bezerra de Menezes, o “médico dos pobres”. Certa vez um homem furtou a sua carteira. Algumas pessoas, porém, viram o fato e cercaram o infeliz. Logo a polícia apareceu e o prendeu. Bezerra, contudo, olhou para ele e apiedou-se da sua condição. Disse então para a polícia: “podem soltá-lo, ele é meu amigo e apenas brincava comigo”. E, ante a surpresa de todos, retirou o companheiro da multidão e saiu abraçado com ele. Depois disse ao irmão em queda: “Se você pegou a carteira, deve estar precisando!”. Abriu a carteira e deu algum dinheiro ao homem!!!

Assim agem aqueles que já compreenderam que a caridade verdadeira é a “benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas”.