Na operação policial de desocupação da área do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), no domingo, 23 de janeiro, a Polícia Militar cumpriu mandado de desocupação, desabrigando de seis mil a nove mil pessoas, conforme a fonte da informação. Todos viram pela TV que houve uso da violência nas remoções, especialmente com crianças, mulheres, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção. Balas de borracha foram utilizadas e bombas de gás lacrimogêneo foram jogadas onde havia mulheres com crianças e cadeirantes.
Quando nos deparamos com uma notícia dessas, é muito difícil analisá-la sem a influência das posições políticas de cada um.
A área do Pinheirinho havia sido invadida, por isso muitos aprovam a operação, da forma como ela foi realizada, alegando que os invasores eram criminosos, que desrespeitaram o “sagrado” direito de propriedade.
Leonardo Sakamoto, notável militante dos direitos humanos, questiona, no seu blog: “existe maior atentado contra a dignidade humana que a remoção forçada de pessoas, no campo ou na cidade, que não têm para onde ir?”
E prossegue, de forma irônica; “Adoro quando o governo diz “estávamos apenas cumprindo ordens”, mesmo quando todos sabemos que não havia condições para que a execução dessas ordens fosse feita de forma a respeitar a dignidade da população. Há sempre a possibilidade de dizer “não”, a Constituição garante isso ao poder público.”
Do ponto de vista Espírita, duas palavras dizem tudo: injustiça e iniqüidade.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), o Espírito Erasto nos conclama: “Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos disseminados pelo Infinito!...lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniquidade. Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra.”
Sabemos que o homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. No mesmo ESE, um Espírito protetor afirma que “os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a seu grado, não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente desses bens.”
Aos que justificam a violência da desocupação, dizendo que aquelas famílias erraram primeiro, quando invadiram o terreno, lembramos que “para socorrer e ajudar com êxito, é necessário buscar a compreensão”.
Então, porque eles erraram, torna-se justificada a violência, a desumanidade? Claro que não! E qual teria sido a causa desse erro? Não foi a injustiça social?
Se a justiça dos homens determinou a desocupação, por que não dialogar antes com as famílias e providenciar um novo local para moradia, um destino certo para aqueles irmãos?
Para finalizar, emprestamos do Espírito André Luiz um trecho de uma prece, do seu livro “Os Mensageiros":
“Ajudai-nos a compreensão, a fim de que venhamos a perder todo impulso de acusação nas estradas da vida”.